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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

ESPELHO, ESPELHO MEU

Dizem que a pior solidão é aquela que você sente quando está acompanhada. Sabe aquele tipo de namorado que não tem disposição para nada e que nunca está disponível para viajar com você? Pois então. Foi assim que fui parar sozinha no sul da Bahia alguns anos atrás. Ao comprar o pacote, optei por ficar em Arraial d'Ajuda, o que não deixou de ser uma ótima escolha. A pousada era muito charmosa e ficava bem localizada, na rua principal da cidade. Aliás, caso você decida ir sozinha a este destino, recomendo que você fique mesmo na Estrada do Mucugê, conhecida como Rua do Mucugê, onde existem muitos bares, restaurantes e lojinhas. No dia seguinte ao da chegada, desci a pé até a praia que leva o mesmo nome e que é agradabilíssima. Ao retornar no final da tarde, procurei uma agência turística local para informar-me sobre os passeios e, assim, em meu segundo dia, segui para a Praia do Espelho, onde encontrei um cenário deslumbrante. Confesso que não sou grande conhecedora do litoral brasileiro e, desde logo, penitencio-me por isso. Mas certamente a Praia do Espelho, dentre as que conheci ao longo da vida e, inclusive, comparada às demais da região, é, de longe, a mais representativa do quesito "beleza natural". Única ressalva: é muito caro hospedar-se ali. 
Neste dia, conheci uma moça gaúcha que também viajava sozinha e que estava hospedada em uma pousada bem próxima da minha. E, assim, tive companhia pelo resto da viagem. Passeamos muito e um dia decidimos pernoitar por conta própria na pequena Trancoso, que não estava incluída em nossos respectivos pacotes. Seguimos em ônibus de carreira até lá e encontramos uma pousadinha bem ali no Quadrado e, porém, ridiculamente barata, no melhor estilo "até que é limpinha". O mosquiteiro rosa-choque pendurado no teto dava o tom, em todas as acepções do termo, do tipo de acomodação. Mas nos divertimos muito, caminhamos por todas as praias, jantamos em um restaurante internacional e terminamos a noite dançando forró. Acredite ou não, o sul da Bahia é para todos os gostos  e bolsos e, naquela região, há muito para ver e para se aventurar. Ou, se você preferir, é o melhor lugar do mundo para não fazer absolutamente nada.
Voltei revigorada da viagem. O namoro, como previsto, não durou mais que alguns meses após minha volta, mas não por causa da viagem em si, e sim porque realmente éramos muito diferentes. E, sinceramente, nunca me arrependi de ter ido. Naquele momento da minha vida, tudo o que eu precisava era tirar uns dias  de folga para ficar em contato com a natureza e simplesmente relaxar. Nada mais. Zen assim.
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Segunda-feira pós-retorno, 15:00 horas, cafezinho em frente ao trabalho: 
"E aí, Vivi, como foi a viagem?"
"Ótima, obrigada. Adorei".
"Fez topless?"
"Não. Jamais faria".
"Arrumou um namorado baiano?"
"Não, nada. Sou comprometida".
"Deu um beque?"
"Claro que não! Você enlouqueceu?"
"Mas me responde, Vivi, que raios então você foi fazer em Trancoso?"

(Praia do Espelho - Bahia, Brasil - foto extraída de http://turismo.ig.com.br/)