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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O DIÁRIO SECRETO DE UMA FLASHPACKER

Foi aguardando o voo para o insano Aeroporto de Lukla, no Nepal, que conheci um simpático casal de europeus, na faixa dos trinta e poucos anos, que trabalhava no mercado financeiro suíço. Ali eles começavam uma jornada de volta ao mundo que duraria exatos nove meses, ou, se você preferir, o tempo de uma gestação. Nosso trajeto até o Campo Base do Everest não era exatamente o mesmo, mas nos cruzamos algumas vezes na montanha, até que, dezoito dias depois, coincidentemente acabamos nos reencontrando para o retorno, quando definitivamente nos tornamos amigos. E ali mesmo, naquele país, seguimos juntos para um safári no esplêndido Chitwan National Park, que é considerado o último reduto da selva asiática. No longo percurso rodoviário até esse nosso destino, observei que minha amiga não desgrudava de seu diário. E, ao longo de alguns dias de convivência, constatei que ela tinha razão. Uma viagem de nove meses não é para qualquer um, pelo que ela se empenhava em anotar no seu diário todos os detalhes da jornada. E não é só. Ela colava nas páginas da agenda tudo o que fosse capaz de lembrá-la, no futuro, daqueles dias maravilhosos. Sabe aqueles diários de adolescente, com papéis de bala, guardanapos, flores secas, caixinhas de fósforo, cartõezinhos, bilhetinhos? Pois então. Era assim. E confesso que achei uma ideia maravilhosa, muito embora, verdade seja dita, não seja do meu feitio ter disposição para anotar meu "schedule" diário em páginas cor de rosa. De todo modo, havia informações preciosas naqueles escritos.
Para viabilizar sua longa viagem, meus amigos haviam adquirido tickets aéreos RTW - Round The World, que consistem em excelentes programas de companhias aéreas para visitas a até três continentes e preço aproximado de US$3.000,00 para o total de 15 a 20 voos e 29.000 milhas. Tratando-se, assim, de muita informação, a agendinha também se prestava a tais anotações e ao próprio plano de viagem, assim entendidos mapas, hotéis, endereços, telefones importantes, moedas locais, fuso horário e tudo o mais que eles fossem precisar. 
Ao final de nosso passeio na selva nepalesa e em meio a serpentes e elefantes, consegui convencer meus amigos a incluírem sua vinda ao Brasil e, sete meses depois, fui buscá-los no Aeroporto de Guarulhos. Nos divertimos muito aqui em São Paulo e a mim coube a tarefa de recolher cartõezinhos de visita e "folders" em todas as padarias, restaurantes, lojas e outros lugares em que estivemos. Mas o difícil mesmo ficou por conta de explicar aos atendentes.
Fica a dica, portanto, e também minha solene promessa: eu, Viviane, prometo que em minha próxima viagem vou tentar escrever um diário, tal qual minha amiga Tina. De toda forma, se eu não conseguir, pelo menos o blog estará garantido. Melhor assim.
(Backpacking X Flashpacking: flashpacking is a neologism used to refer to an affluent backpacker. Whereas backpacking is traditionally associated with budget travel and destinations relatively cheap, flashpacking has an association of more disposable income while traveling and has been defined simply as backpacking with a bigger budget. Fonte: Wikipedia)

(superfície da Pedra de Rosetta - British Museum - Londres, Inglaterra - foto extraída de http://heritage-key.com)