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sexta-feira, 2 de março de 2012

QUANDO AS COISAS DÃO ERRADO

Não posso mentir para vocês. Assim como na nossa vida cotidiana, em viagens algumas coisas dão igualmente errado. Mas isto não é motivo algum para você desistir de seus planos. Pense bem: se você deixar de viajar, poderá também ter más experiências, até mesmo piores, como as que acabam acontecendo de vez em quando. Aqui ou em qualquer lugar do mundo, seu pneu pode furar, você pode ser roubada, seu celular pode pifar. Normal. Acho até que em viagens você tem menor probabilidade de problemas do que no seu dia-a-dia. Bom, pelo menos você não será convocada a trabalhar até mais tarde, ou será importunada com telefonemas fora de hora, ou terá que inventar uma desculpa pouco plausível para não comparecer a um não muito atraente evento familiar.
Monterey e Carmel-By-The-Sea são duas cidades muito bonitinhas e, embora eu estivesse com meu carro, achei por bem contratar um city tour. Depois de muito pesquisar, descobri que existem apenas duas opções naquelas localidades. Todos os outros tours partem de São Francisco ou de outras cidades. Uma das opções é uma espécie de motorista particular que apanha você no hotel com seu próprio carro. Telefonei para o número indicado no site (Big Sur Tours) e constatei que o custo era altíssimo (cerca de US$400.00 por algumas horas) e que o proprietário-motorista Dave Engelberg não era lá muito educado. Descartada  esta opção de imediato, parti para a segunda, tal seja uma empresa chamada Monterey Movie Tours!. Fechei a contratação e a atendente, muito assertiva, deixou logo claro que os US$57.00 pagos com cartão não seriam devolvidos em nenhuma hipótese, nem que eu estivesse em coma ou que a Califórnia se rachasse num terremoto. Ok. Regras do jogo. No dia seguinte, levantei cedíssimo e fui até Big Sur, que não fazia parte do tour, para voltar a tempo de estar no lobby do hotel ao meio-dia e meia. Uma hora antes, quando eu entrava no banho, o dono da agência, Dave Lumsden, me telefonou no quarto e disse que o tour havia sido cancelado porque havia somente eu e mais uma pessoa. Não quero discutir as leis americanas, mas, sinceramente, tenho para mim que esta hipótese não lhe era permitida, porque o fato de haver apenas dois clientes, a tornar a contratação não lucrativa, é risco do próprio negócio. Fiquei chateada, mas não havia o que fazer. Enviei-lhe, então, um email confirmando o reembolso e ressaltando meu desapontamento. Ele se desculpou eletronicamente e, mais tarde, quiçá por medo de comentários negativos no TripAdvisor, deixou pessoalmente uma caixa de trufas na recepção. Fim da história.
Encerrado o percurso da Califórnia em São Francisco, voei para Honolulu e fiquei quatro noites num hotelzinho razoável em Waikiki. No quinto dia, peguei o voo rumo a Maui, que era o lugar que eu mais desejava conhecer nesta viagem. No aeroporto, apanhei meu carrinho, um Kia Soul laranja, e segui para o hotel reservado. Lá chegando e com o voucher impresso em mãos, fui surpreendida com o fato de que minha reserva simplesmente não existia. E não houve como argumentar com o recepcionista, que era muito mal humorado para um havaiano que mora no lugar mais lindo do mundo. Não havia vagas. Liguei várias vezes para a Agoda, site por meio do qual eu fizera a reserva e o pagamento antecipado de US$950.00 por quatro noites. Limitaram-se a dizer que, infelizmente, não poderiam fazer nada a não ser me restituir o valor integral, com um crédito adicional, em minha fatura, no equivalente a 25% do total, por conta do aborrecimento. Como cada minuto gasto com roaming (Brasil, USA, Europa) custava muito dinheiro, concordei e encerrei o caso.
Faltava agora achar um hotel. Sem wireless, fui atrás de um internet café e constatei que não havia nada para aquela noite por menos de US$600.00 a diária. Maui é cara assim, principalmente se sua reserva não for feita com bastante antecedência. Prestes, então, a checar um voo de volta a Honolulu, avistei uma placa de locações de apartamentos e entrei na AA Ocean Front. Duas funcionárias muito prestativas acabaram localizando uma unidade maravilhosa no Mana Kai Resort, muitíssimo melhor que a reserva anterior e com o bônus de vista para o mar. O preço não era baixo, mas era suportável, principalmente por conta das circunstâncias adversas. Nem acreditei. Eu não precisaria abortar meus planos de mergulhar em Molokini. Fiquei tão emocionada que cheguei a chorar no balcão de atendimento. Neste momento, entrou um senhor suíço e deixou uma caixa de chocolates para aquelas moças como agradecimento por algum favor. Não pensei duas vezes. Lembrei da maravilhosa caixa de trufas, inacreditavelmente intacta, e fui buscar no carro. Elas ficaram muito surpresas e argumentaram que tais trufas eram caríssimas. Tive muito prazer em repassar o tal presente, o que certamente também me ajudou a esquecer o incidente anterior e, o melhor, com a economia de milhares de calorias.
É assim que a vida funciona, minha amiga. "Shit happens", mas, no final, tudo parece dar certo. E, desta forma, continua caminhando a humanidade.
PS: ao chegar de viagem anteontem, tive a notícia de que a diarista não vai retornar a seus serviços por punição ao fato de eu ter viajado por quase cinco semanas. Com isso, tenho uma mala inteira de roupas para colocar na lavadora. Com licença, então.

(Molokini Crater - foto extraída de http://www.molokini.com/)

2 comentários:

  1. Infelizmente aborrecimentos e desencontros podem mesmo ocorrer durante a viagem, mas como vc bem disse não é por isso que devemos deixar de viajar. Muito chato o cancelamento do passeio e mais ainda a reserva do hotel - isso deve ter sido mesmo bem desagradável. Mas achei muito bacana sua gentileza, mesmo tendo ficado sem provar as trufas "caríssimas". :) Acho que gentileza gera mesmo gentileza, e se as moças foram prestativas, num momento de perrengue desses, as trufas foram merecidas. E é sempre bom encontrar pessoas que fazem bem o seu trabalho e ainda demonstram boa vontade.

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    1. Ju!!! Aquelas mulheres salvaram minha pele... Elas mereciam uma Suíça inteira só de chocolates! Beijos!!! :-))

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