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sábado, 14 de abril de 2012

MEU LUGAR NÃO É NO PARAÍSO

Dividi minha última viagem em etapas distintas. A primeira delas foi a Califórnia. A segunda foi o Havaí. A terceira foram as Ilhas Fiji. Por ser considerado um destino exótico, muitas pessoas ficam curiosas em saber como é a vida naqueles confins do Oceano Pacífico e como tinha sido a minha experiência de participar de uma típica cerimônia de "kava". Muitos perguntam, também, qual meu lugar preferido dentre os tantos que visitei, já que contabilizei, literalmente, dezenas de cidades na costa e pelo menos seis ilhas nos dois arquipélagos.  É claro que é sempre muito difícil eleger um só lugar, pois cada um deles tem particularidades muito diversas. Mas eu tenho o meu preferido, sim. A ilha de Maui.
Maui é um dos cinco condados que compõem o Estado do Havaí e fica a cerca de meia hora de voo de Honolulu, que se situa na ilha de Oahu. Com um pouco mais que cem mil habitantes e com um pouco menos que dois mil quilômetros quadrados, Maui, para mim, é a mais fiel representação da perfeição da face da Terra.
Para começar, o clima é maravilhoso durante todo o ano, o que dispensa maiores comentários. Além disso, as belezas naturais da ilha são tantas e tão diversas que você chega a pensar que nem em uma vida inteira você seria capaz de esgotar o êxtase e o encantamento que as sucessivas paisagens provocam em sua alma. Por fim, Maui tem uma infraestrutura maravilhosa, com excelentes hotéis, restaurantes, lojas, atividades e tudo, mas tudo mesmo, que você puder imaginar.
Maui é o destino de muitos casais que pretendem trocar as alianças em uma praia deserta. É também um dos pontos prediletos para a celebração da lua-de-mel ou para a renovação anual dos seus votos. Eu mesma, se estivesse casada, usaria este pretexto para retornar à ilha todos os anos da minha vida enquanto durasse o meu matrimônio. E, mesmo que o casamento acabasse, provavelmente eu invocaria as mesmas maravilhas para continuar visitando a ilha, ano após ano.
O melhor local para ficar é na costa Oeste da ilha, sendo que a opção pelo Norte ou pelo Sul é uma decisão que tem a ver com o seu bolso e com o seu gosto. Se você for muito sofisticada e não tiver qualquer restrição financeira, sugiro que você fique em um dos maravilhosos resorts de Wailea, ao Sul da ilha. Lá, além de acomodações espetaculares, você ainda poderá gastar seus incontáveis dólares no The Shops at Wailea, que dispensa apresentações.
Se você, porém, é completamente apaixonada pelo mar e pretende fazer atividades aquáticas e sair de barco todos os dias, recomendo que fique em Lahaina, onde se localizam o porto e uma vilazinha bem simpática cheia de lojinhas e restaurantes. 
Agora, se você pretende surfar e for mesmo uma profissional, deve ficar ao Norte da ilha, entre Kaanapali e Kapalua, ou em Jaws, onde as ondes são violentas.
Eu não fiquei em nenhuma desta áreas e optei por Kihei, região onde se concentra o maior número de hotéis e condomínios. Se você pesquisar, encontrará North Kihei e South Kihei. Escolha o Sul, pois os hotéis e a infraestrutura vão melhorando nesta direção, já que a extremidade desta área bate em Wailea, aquele lugar maravilhoso que mencionei. Fiquei no Mana Kai Hotel, com vista para o mar e tudo à mão. E aqui passei cinco dias incomensuravelmente felizes.
Mergulhei em Molokini Crater, fiz um rafting a motor até a ilha de Lanai, participei do Whale Hawaii Ocean Project, conheci Makena e outras praias lindas do Sul, fiz snorkel quase todos os dias e aprendi Stand Up Paddle. Fiz amigos, comi bem, bebi drinks maravilhosos, torrei ao sol e até emagreci. Aliás, fiquei tão encantada com Maui que passei algumas horas em escritórios imobiliários pesquisando algumas opções para compra.
O mundo ali é tão perfeito e completo que elejo Maui como um dos melhores lugares do mundo para se visitar e viver. De lá, voltei triste para Honolulu e só me animei de novo quando embarquei para Fiji, que relato na próxima postagem, e que é calma, quieta e maravilhosa como o próprio paraíso. Amei Fiji de paixão, mas meu coração estará sempre em Maui, a quem devoto meu eterno amor e gratidão. 
Aprendi muito em Maui, sobre a natureza, sobre a vida e sobre mim mesma. Conheci melhor o meu ritmo e as minhas necessidades. Descobri que a quietude e a contemplação passiva, ao menos naquele momento, não eram para mim. E deparei-me com uma verdade surpreendente: foi em meio à atividade positiva e à imersão completa em um ambiente vivo e rico que fui verdadeiramente feliz.

(Surfista em Maui, Hi, USA - foto extraída de http://favim.com/)


sexta-feira, 2 de março de 2012

QUANDO AS COISAS DÃO ERRADO

Não posso mentir para vocês. Assim como na nossa vida cotidiana, em viagens algumas coisas dão igualmente errado. Mas isto não é motivo algum para você desistir de seus planos. Pense bem: se você deixar de viajar, poderá também ter más experiências, até mesmo piores, como as que acabam acontecendo de vez em quando. Aqui ou em qualquer lugar do mundo, seu pneu pode furar, você pode ser roubada, seu celular pode pifar. Normal. Acho até que em viagens você tem menor probabilidade de problemas do que no seu dia-a-dia. Bom, pelo menos você não será convocada a trabalhar até mais tarde, ou será importunada com telefonemas fora de hora, ou terá que inventar uma desculpa pouco plausível para não comparecer a um não muito atraente evento familiar.
Monterey e Carmel-By-The-Sea são duas cidades muito bonitinhas e, embora eu estivesse com meu carro, achei por bem contratar um city tour. Depois de muito pesquisar, descobri que existem apenas duas opções naquelas localidades. Todos os outros tours partem de São Francisco ou de outras cidades. Uma das opções é uma espécie de motorista particular que apanha você no hotel com seu próprio carro. Telefonei para o número indicado no site (Big Sur Tours) e constatei que o custo era altíssimo (cerca de US$400.00 por algumas horas) e que o proprietário-motorista Dave Engelberg não era lá muito educado. Descartada  esta opção de imediato, parti para a segunda, tal seja uma empresa chamada Monterey Movie Tours!. Fechei a contratação e a atendente, muito assertiva, deixou logo claro que os US$57.00 pagos com cartão não seriam devolvidos em nenhuma hipótese, nem que eu estivesse em coma ou que a Califórnia se rachasse num terremoto. Ok. Regras do jogo. No dia seguinte, levantei cedíssimo e fui até Big Sur, que não fazia parte do tour, para voltar a tempo de estar no lobby do hotel ao meio-dia e meia. Uma hora antes, quando eu entrava no banho, o dono da agência, Dave Lumsden, me telefonou no quarto e disse que o tour havia sido cancelado porque havia somente eu e mais uma pessoa. Não quero discutir as leis americanas, mas, sinceramente, tenho para mim que esta hipótese não lhe era permitida, porque o fato de haver apenas dois clientes, a tornar a contratação não lucrativa, é risco do próprio negócio. Fiquei chateada, mas não havia o que fazer. Enviei-lhe, então, um email confirmando o reembolso e ressaltando meu desapontamento. Ele se desculpou eletronicamente e, mais tarde, quiçá por medo de comentários negativos no TripAdvisor, deixou pessoalmente uma caixa de trufas na recepção. Fim da história.
Encerrado o percurso da Califórnia em São Francisco, voei para Honolulu e fiquei quatro noites num hotelzinho razoável em Waikiki. No quinto dia, peguei o voo rumo a Maui, que era o lugar que eu mais desejava conhecer nesta viagem. No aeroporto, apanhei meu carrinho, um Kia Soul laranja, e segui para o hotel reservado. Lá chegando e com o voucher impresso em mãos, fui surpreendida com o fato de que minha reserva simplesmente não existia. E não houve como argumentar com o recepcionista, que era muito mal humorado para um havaiano que mora no lugar mais lindo do mundo. Não havia vagas. Liguei várias vezes para a Agoda, site por meio do qual eu fizera a reserva e o pagamento antecipado de US$950.00 por quatro noites. Limitaram-se a dizer que, infelizmente, não poderiam fazer nada a não ser me restituir o valor integral, com um crédito adicional, em minha fatura, no equivalente a 25% do total, por conta do aborrecimento. Como cada minuto gasto com roaming (Brasil, USA, Europa) custava muito dinheiro, concordei e encerrei o caso.
Faltava agora achar um hotel. Sem wireless, fui atrás de um internet café e constatei que não havia nada para aquela noite por menos de US$600.00 a diária. Maui é cara assim, principalmente se sua reserva não for feita com bastante antecedência. Prestes, então, a checar um voo de volta a Honolulu, avistei uma placa de locações de apartamentos e entrei na AA Ocean Front. Duas funcionárias muito prestativas acabaram localizando uma unidade maravilhosa no Mana Kai Resort, muitíssimo melhor que a reserva anterior e com o bônus de vista para o mar. O preço não era baixo, mas era suportável, principalmente por conta das circunstâncias adversas. Nem acreditei. Eu não precisaria abortar meus planos de mergulhar em Molokini. Fiquei tão emocionada que cheguei a chorar no balcão de atendimento. Neste momento, entrou um senhor suíço e deixou uma caixa de chocolates para aquelas moças como agradecimento por algum favor. Não pensei duas vezes. Lembrei da maravilhosa caixa de trufas, inacreditavelmente intacta, e fui buscar no carro. Elas ficaram muito surpresas e argumentaram que tais trufas eram caríssimas. Tive muito prazer em repassar o tal presente, o que certamente também me ajudou a esquecer o incidente anterior e, o melhor, com a economia de milhares de calorias.
É assim que a vida funciona, minha amiga. "Shit happens", mas, no final, tudo parece dar certo. E, desta forma, continua caminhando a humanidade.
PS: ao chegar de viagem anteontem, tive a notícia de que a diarista não vai retornar a seus serviços por punição ao fato de eu ter viajado por quase cinco semanas. Com isso, tenho uma mala inteira de roupas para colocar na lavadora. Com licença, então.

(Molokini Crater - foto extraída de http://www.molokini.com/)