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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

LUGAR DE MULHER É NO VOLANTE

Tenho a mais absoluta certeza de que você já ouviu várias vezes piadinhas a respeito do tema. E, se você for loira, mesmo que, como eu, por força de agentes químicos, a chance de você ter escutado comentários a propósito é ainda muito maior. Como não sou feminista e tampouco coletora de dados atuariais, não vou discutir a veracidade, ou não, destas assertivas. Apenas ressalto que, estatisticamente falando, o sexo masculino ocupa o honroso primeiro lugar no quesito "acidentes", o que, sabidamente, torna os seguros para o perfil feminino bem mais em conta. De todo modo, por amor às minhas amigas e leitoras do blog, não custa nada traçar algumas observações a respeito.
No dia de hoje, encerrou-se uma jornada de aproximadamente cinco semanas de viagem, que se iniciou e terminou em Los Angeles, Califórnia. Durante esses trinta e poucos dias, estive à frente de um volante por cerca da metade do período, o que não é pouco se você considerar que fiz a costa oeste dos Estados Unidos ao norte e ao sul de LA e que percorri o contorno das ilhas Oahu e Maui, no Havaí. Acho que só não dirigi mesmo em Fiji Islands, porque lá a mão é inglesa e não me sinto com competência a tanto. E se você quer mesmo saber, foi tudo muito fácil. Coloco o assunto nos tópicos a seguir:
1. Em primeiro lugar, a reserva antecipada de um veículo é absolutamente necessária se você pretende viajar em alta temporada. Em Maui, por exemplo, não havia nenhum veículo de nenhuma categoria disponível para quem não tinha reserva. Quanto às empresas, tive a oportunidade de experimentar quase todas, pois foram quatro locações distintas. E minha preferida e eleita depois desta viagem é a Alamo, que é super ágil, tem bom preço e, o melhor de tudo, dá a opção de você ir ao estacionamento e escolher o carro que quiser. Não esqueça, porém, de cotar os preços na internet para ver se vale mesmo a pena. Sugiro para isso a Rental Cars e o Priceline.
2. Um GPS custa pouco (cerca de US$12.00 ao dia), é utilíssimo e deixa você muito feliz. Coloque na opção "português" e sinta-se em casa. 
3. Ao sair, certifique-se sobre a existência de pedágios para não ser pega de surpresa.  Na costa oeste dos EUA não existem pedágios, a não ser em algumas rotas alternativas. Nesses casos, você verá a placa "toll road".
4. Todos os carros disponíveis para locação são automáticos. Escolha um tamanho adequado ao seu estilo e à sua necessidade.
5. Você terá que fazer a opção quanto ao serviço de reabastecimento. No meu caso, prefiro pagar um pouquinho a mais por galão a ter que parar no posto em cima da hora de fazer a devolução.
6. Faça o seguro integral do veículo e também contra terceiros. Ele custa, em média, uns US$20.00 por dia, mas elimina qualquer preocupação.
7. Existem radares nas estradas. Observe os limites de velocidade (em milhas). O GPS avisa no visor se você ultrapassar o limite.
8. Jamais ingira bebida alcoólica ou carregue alguma garrafa aberta dentro do veículo. Isto significa encrenca na certa de você for parada pela patrulha rodoviária. Na Califórnia, há inúmeras placas "Report Drunk Drivers - Call 911" e, obviamente, se você tiver algum problema, não dará certo o tal jeitinho ou  o charme brasileiro.
9. Alguns trechos das rodovias contam com "Carpools", que nada mais são do que faixas destinadas a veículos com mais de dois passageiros. São as faixas rápidas da esquerda e normalmente valem de segunda a sexta-feira. Nos finais de semana, normalmente você pode trafegar em qualquer faixa. Cheque antes, porém. Infringir este regulamente lhe custará uma multa de US$431.00.
10. Jamais jogue qualquer lixo pela janela. Multa: US$1000.00
11. Ao pesquisar seus hotéis, verifique se contam com "free parking". Isto pode fazer muita diferença no seu orçamento. Em São Francisco, por exemplo, os hotéis cobram uma taxa diária de estacionamento de US$30.00. Aliás, cidades como São Francisco ou NYC possuem infra-estrutura mais do que adequada para você nem pensar em dirigir. Gaste seu dinheiro com outra coisa.
12. Não há ninguém para ajudar no abastecimento de seu carro. Em alguns estabelecimentos, você paga com cartão na própria bomba e, em alguns, você paga dentro do posto. Em último caso, peça ajuda. Eu mesma nunca abasteci sozinha. Recorro ao estereótipo mulher-turista-proveniente-de-país-que-conta-com-frentista. Sempre tem uma boa alma para ajudar. Ah! E sempre coloque a gasolina regular. É a mais barata e tão boa quanto as demais.
13. Verifique em quais locais você pode estacionar. A cultura do "valet" existe, mas não em todos os lugares. Nas ruas, você paga no parquímetro, que hoje aceita até cartão. Em estacionamentos, você mesma paga com seu cartão ao sair. E não se intimide com a mania do "self service". Nunca fiquei na mão em nenhuma situação.
14. Jamais estacione em frente a um hidrômetro, mesmo que não exista nenhuma placa nem faixa assinalada.  Isto me custou uma multa de US$60.00 em Monterey, que em breve será remetida pela Avis à minha residência.
15. No caso de pane ou de qualquer outro problema, ligue para sua locadora que eles facilmente mandam alguém e um carro em reposição.
Embora muitos os tópicos, não acho que esgotei o assunto. Há, entretanto, informação suficiente para uma estreia na estrada. Na dúvida, alugue seu veículo por um ou dois dias e depois prolongue a locação se se sentir confiante. Nesta hipótese, serão utilizadas as mesmas bases e valores.
E, por último, se você já é uma motorista habitual em sua cidade, por favor, não tenha medo. Nosso lugar no mundo não é onde nos mandam ir, mas sim onde queremos estar. E muitas vezes, para isso, precisamos de um carro. Peço-lhe, assim, encarecidamente: em sua próxima viagem considere dirigir e faça valer o título do post.

(Road to Hana, Maui, Hawaii, USA - foto extraída de National Geographic)