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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

AS INCERTEZAS DA VIDA

A vida é cheia de incertezas. Incertezas de vários tipos e que se manifestam de muitas formas diferentes. Existe a incerteza que tem a ver com a sua falta de definição a respeito de um determinado assunto. É a ausência de segurança quanto à decisão que precisa ser tomada. Existe também aquela incerteza que é uma espécie de desconfiança. É a dúvida sobre um fato estar ocorrendo, ou não. E existe a incerteza própria do mundo e da vida, que é a que considero a mais relevante, pois, na verdade, por mais que a gente tente, não pode ter controle sobre os acontecimentos futuros, nem mesmo sobre os presentes. Na realidade, a gente só consegue ser razoavelmente feliz quando reduz significativamente o nível de expectativas, pois a materialização destas também se insere, obviamente, neste impalpável campo das incertezas. Ou seja, aquilo que desejamos pode ou não acontecer.
O ser humano abriga a ilusão de que "querer é poder". É claro que a dedicação e o esforço contam muito, mas o elemento imponderável está em todas as equações. A insistência e a perseverança podem aumentar as possibilidades de modo a que estas se tornem probabilidades. Mas ainda assim não são certeza. E nunca serão.
No dia de hoje, na véspera desta nova viagem, não estou ansiosa. Ao contrário, estou totalmente receptiva a todas as ocorrências que se apresentarem à minha frente ao longo dos próximos dias. E não digo isso à toa, mas, sim, porque tenho insistido comigo mesma neste ponto: o de aproveitar as oportunidades tal qual se manifestam. 
No íntimo do meu ser, talvez eu desejasse, neste momento, estar vivendo algo diferente, fazendo algo diferente, usando um formato diferente... Mas a vida (ah... sempre a vida) desejou que fosse assim e cabe a mim obedecer estas tais contingências e aceitar as exigências destinadas à minha existência.
E, desta maneira, vou traçando meu próprio caminho, buscando tirar o melhor de cada experiência e de cada situação para tornar-me, igualmente, um ser humano também melhor.
Estou indo sozinha e meus amigos seguem seus próprios destinos, alguns de viagem, outros não. Mas o bom de tudo é que, quando compreendemos algumas regras da vida, sabemos que, na realidade, estamos todos juntos na mesma embarcação, cada um à sua maneira, mas sempre com o mesmo objetivo: o de sentir a paz e a serenidade que, se pensarmos bem, podem ser encontradas em qualquer lugar. Aqui ou em viagem, elas habitam, há muito tempo, dentro de nós. E que elas possam desabrochar. Até breve!

(estátua da Ilha de Páscoa, Chile - foto extraída de http://turismo.terra.com.br/galerias/0,,EI176-OI97963,00.html)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

STATUS: ADRENALINA PURA

Sou tão paulistana que nasci a um quarteirão da Avenida Paulista, na Maternidade Pro Matre. Mas no dia de hoje, aniversário de São Paulo, e por mais que eu tenha tentado, não consegui dedicar nem mesmo um pequeno post a esta maravilhosa Terra da Garoa que eu amo tanto e a quem apresento minha solenes desculpas. Tenho certeza, porém, que ela vai me entender e me perdoar: daqui a exatos três dias, sigo em viagem pelo período de um mês e minha cabeça está totalmente pilhada, pensando em todas as coisas que eu ainda tenho que fazer e programar.
Embora eu não possa ser considerada uma viajante novata, saiba que também eu fico a mil neste período pré-viagem, revisando tudo e checando os últimos detalhes. E programar esta viagem foi bastante trabalhoso, como você verá a seguir. Em primeiro lugar, defini meu roteiro, que consiste em três rotas totalmente autônomas e às quais acrescentei um adendo no final. E depois passei à montagem propriamente dita.  O primeiro trecho parte de Los Angeles e termina em São Francisco. Como pretendo ir também a Las Vegas, que fica fora da rota, optei por deixar meu carro em LA e adquirir um pacote de ônibus/hotel em Vegas na Starline Tours, pois achei que seria cansativo viajar sozinha pelo deserto por cerca de 5 horas em cada trecho. Voltando, aí sim, retomo meu carro e sigo pela Highway 1 sentido Norte. Graças aos blogs de viagem que leio frequentemente, tomei conhecimento de que vou ter que retornar para o Sul na altura de Carmel para poder visitar Big Sur, já que uma parte da pista foi interditada esta semana devido às chuvas e não há previsão de conclusão das obras. A segunda parte da viagem começa em São Francisco, de onde sigo para o Havaí. Neste Estado, visitarei três ilhas, sendo que, de Oahu e Maui, você necessariamente tem que pegar um voo local, de cerca de 35 minutos. A melhor tarifa que encontrei foi a da Go. Em Honolulu e Maui, aluguei carro também. Por fim, o terceiro trecho da viagem começará em Honolulu, para onde retorno de Maui, e terminará em Nadi, Fiji Islands. Farei este trecho com a Qantas, que é a melhor opção, embora o voo não seja direto. Tenho uma parada em Auckland, na Nova Zelândia, por cerca de três horas. Mas digo que é a melhor opção, pois de Nadi, na volta, sigo diretamente a Los Angeles, de onde retorno a São Paulo. Por fim, como tenho dois dias antes de finalizar a viagem (e este é o trecho-bônus), darei uma chegada em San Diego, passando pelas praias em sentido Sul.
O experiente jornalista, viajante e blogueiro Ricardo Freire (Viaje Na Viagem) sempre comenta que, por mais mochileiro que você possa ser, é necessário fazer reservas de hotéis com antecedência, salvo se você quiser pagar muito mais caro na hora do "check in", isso se você tiver a sorte de conseguir lugar na região que deseja. E, seguindo esta lição valiosa, já fiz as reservas de todos os hotéis, contabilizando três na Califórnia (deixei alguns dias em branco no percurso costeiro ao Norte e ao Sul, porque preciso ver como estará o acesso - mas farei a reserva mesmo assim, só que uns dois antes antes), um hotel em Las Vegas, dois no Havaí e três em Fiji Islands. E isto é bastante coisa, acredite. Estou feliz que eu tenha conseguido fechar tudo o que eu programei.
Agora falta muito pouco para embarcar. Amanhã contrato meu seguro-viagem, finalizo a questão do dinheiro, checo minha documentação e organizo todos os meus papéis impressos, que seguem comigo na forma de roteiro com os respectivos números das reservas. Depois, é só tentar dormir bem nas duas últimas noites para chegar inteira após o voo.
Amiga viajante, acompanhe comigo esta jornada, que certamente será maravilhosa. Faço questão de compartilhar com você todos os detalhes desta incrível viagem. E tenha certeza de que, se estivermos conectadas por aqui, aí é que será impossível mesmo eu me sentir sozinha.

(Big Sur Waterfall, Califórnia, USA, - foto extraída de http://www.bigsurcalifornia.org/)

MONEY, MONEY, MONEY!

Se você age de maneira similar à imensa maioria das pessoas, posso concluir que sempre deixa para a última hora resolver um assunto importantíssimo da sua viagem: o dinheiro. E, normalmente, já quase no dia do embarque, ainda tem dificuldade em responder a duas perguntas básicas: 1) quanto levar?; 2) como levar? Evidentemente, é impossível estabelecer, em termos genéricos, quanto dinheiro se gasta em uma viagem, pois é mais do que intuitivo que esta definição depende de seu destino e do seu estilo. Não poderei, assim, fornecer maiores subsídios sobre o tema. A única observação que faço, porém, é a de que, para quantificar o montante que você gastará em um determinado local, deverá estimar o valor diário das refeições, do transporte e do "budget" para compras e passeios, acrescido de cerca de 25% de margem de segurança, isso se você já sair de casa com seus voos e hotéis previamente definidos e devidamente pagos. Quanto à pergunta número 2, a questão também é muito individual e diz respeito ao gosto pessoal de cada um. Deixo, porém algumas informações. Antigamente, as pessoas costumavam viajar para fora levando dinheiro em espécie e "travellers checks", os quais acabaram tendo pouca ou nenhuma utilidade devido à difusão dos cartões. Hoje em dia, as opções mais funcionais são o próprio dinheiro vivo, que nunca sai de moda, e os cartões de crédito e de débito. Se você for viajar para um destino mais convencional, sempre poderá pagar suas despesas com cartão de crédito. Basta informar-se previamente sobre qual a bandeira mais utilizada no País. Se optar, porém, por um destino menos cosmopolita, recomendo que você faça o câmbio e leve a moeda local para não experimentar nenhum tipo de apuro. Por fim, uma terceira opção disponível é o utilíssimo cartão de débito com limite, que ainda não é muito difundido no Brasil, mas que permite que você, antes de viajar, carregue um determinado valor de modo a realizar saques e compras no exterior, sem qualquer dificuldade. O sistema mais completo do mercado é o  Cash Passport, que conta com as versões Visa e Mastercard. 
Particularmente, gosto muito deste sistema, pois oferece a tranquilidade e a segurança necessárias à sua viagem, mesmo porque, no caso de perda ou roubo, seu cartão será reposto em apenas 24 horas, o que não ocorre com os cartões de crédito. Além disso, o IOF é de somente 0,38%, ao passo que, utilizando cartões de crédito no exterior, incide a alíquota de 6,38%, conforme Decreto Presidencial n. 7.454, publicado em 28/03/11. Por fim, dependendo do estabelecimento participante, também não há cobrança de taxa de adesão e de manutenção, sendo que a qualquer momento poderá ser efetuada a recarga de valor aqui no Brasil, a pedido seu. No próprio site, você encontra a lista das empresas participantes. De minha parte, compro no Grupo Fitta.
Querida amiga, eu espero, de verdade, que, em 2012, você faça valer a pena cada centavo gasto em suas viagens. E, para otimizar seu orçamento, lembre-se de três regrinhas de ouro: 1) aproveite as ofertas; 2) não seja impulsiva ao comprar; 3) divirta-se com os maravilhosos programas gratuitos que existem em toda parte.
E também não se esqueça do seguinte: o dinheiro é imprescindível na sua viagem. Mas, mais importante do que tudo, o que eu desejo é que você possa sentir-se livre e feliz. Sempre.

(Hotel Burj Al Arab, Dubai, Emirados Árabes Unidos - foto extraída de http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O MUNDO EMBAIXO D'ÁGUA

Ontem, dia 22/01/12, foi aniversário de um mês deste bebezinho chamado Mulheres Com Asas e há motivos para comemorar, pois, de acordo com as estatísticas do Google, ocorreram 2.063 "pageviews" no prazo de trinta dias. Isto não é pouca coisa se você considerar que estas visualizações foram de amigos meus e de amigos dos meus amigos, já que o blog ainda não pode ser encontrado por meio das ferramentas de busca. Aliás, se um dia você resolver ter o seu próprio blog via Blogger, saiba que terá que aguardar um pouco para isto acontecer, já que há uma fila de espera para ocorrer a indexação em cima dos seus marcadores, ou "tags", como você preferir chamar. Mas este não é o único motivo de eu estar tão feliz no dia hoje. Foi ontem também que concluí o curso de mergulho que me certificou, internacionalmente, como "Open Water Diver" da PADI, que significa "Professional Association of Diving Instructors". Fiz todo o curso com a Narwhal e fiquei muitíssimo satisfeita.
Para obter esta certificação, é necessário participar de um roteiro de aulas teóricas e práticas, estas na piscina. Aprovada, você segue para o "check out" (popularmente conhecido como Batismo), que é necessariamente realizado no próprio mar e consiste em quatro mergulhos, com exercícios, divididos em dois dias. E foi exatamente para isto que segui a Ilhabela neste último final de semana. Meu "check out" aconteceu na pequenina Ilha das Cabras, a qual se localiza exatamente em frente à Praia das Pedras Miúdas, na parte sul da ilha principal. Esta ilhota pertence ao Santuário Ecológico de Ilhabela, que foi criado em 1992 com a finalidade de proteger a fauna e a flora marinhas, pelo que ali são proibidas as atividades de pesca e caça submarinas. Neste ponto, a 7 metros de profundidade, está fundeada uma estátua de Netuno e, ao redor dela, há intensa vida marinha composta de diferentes espécies de peixes, algas e corais.
A experiência foi maravilhosa mas eu devo confessar, por amor à verdade, que poucas pessoas cumprem todas as rotinas em estado de serenidade e confiança. E isto se aplicou também a mim. A não ser que sua mãe tenha sido alguma daquelas vanguardistas gestantes que optaram por fazer seu parto na água, é seguro afirmar que este não é seu habitat natural, mesmo porque você nasceu e viveu até os dias de hoje respirando com seu próprio nariz. Sendo assim, para mergulhar, é necessário aprender, literalmente, a respirar com a boca e a acostumar-se com a sensação, de modo a afastar o medo e a insegurança de depender do equipamento muitos metros abaixo da linha do mar. Mas valeu o esforço, com certeza. Soube por alguns mergulhadores que você só começa a sentir-se totalmente confortável depois de vários mergulhos e alguma experiência. E é por isso mesmo que não vou desistir.
O mundo embaixo d'água, a muitos metros da superfície, é muito diferente do que se vê por aqui. Além das espécies vivas, tudo o que você encontra são a quietude e a paz. E talvez seja esta a razão para que este ambiente seja tão intrigante e atraente. Tão misterioso e desafiador. Este mundo faz você pensar, em silêncio, em sua própria vida. E ajuda você a entender todas as suas questões sob uma outra perspectiva. Mais plena e equilibrada.

(Great Barrier Reef - Queensland, Australia - foto extraída de http://www.tour-in-world.com/)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

DESENVOLVENDO A ARTE DA BARGANHA

Se existe alguém neste mundo que ama um desconto ou uma oportunidade, esta pessoa sou eu. Certa vez, meu irmão implicou comigo porque eu havia atravessado São Paulo para comprar uma coisa com 50% de desconto. Expliquei a ele, então, que, quando consigo esse tipo de negócio, sinto-me muito esperta e realizada com minha aquisição. Ele, por sua vez, engenheiro sagaz, contra-argumentou dizendo que se sentia esperto e realizado quando percebia que tinha a capacidade econômica de pagar o dobro para não dar um único passo. Essa é a prova viva de que dois irmãos criados juntos podem ser muito diferentes.
No caso das viagens, gosto de fazer os meus próprios roteiros, mas não por economia, já que, como você deve imaginar, os pacotes turísticos são elaborados com base em acordos e parcerias e saem bem mais em conta. Esta minha opção, assim, tem relação exclusivamente com o prazer e a liberdade de criar meu próprio roteiro dos sonhos, o que não quer dizer, evidentemente, que eu abra mão de todas as pesquisas que sejam possíveis para conseguir as melhores tarifas.
Como eu já mencionei anteriormente, existem inúmeros sites de hotéis que permitem uma ampla busca. Estes mesmos sites, em sua maioria, trazem também ofertas de passagens aéreas, aluguéis de carro, passeios e tudo o mais que você for precisar. E é só começar a pesquisar para você familiarizar-se e apaixonar-se pelas milhares de opções disponíveis, muitas vezes com preços incríveis.
Após estar ambientada com este tipo de compra, você pode partir para uma outra modalidade, um pouquinho mais complexo. No caso de hotéis e aluguel de carros, existem alguns sites que oferecem descontos ainda maiores, alguns por volta de 60%, desde que você concorde em fazer a reserva sem saber exatamente onde vai ficar ou o modelo do veículo. Explico: no caso da  Priceline, por exemplo, existe uma opção para hotéis chamada Name Your Own Price (ou NYOP), que é parecida com um leilão, embora você não esteja concorrendo com ninguém. Você delimita a cidade, data, área e classificação de hotel e lança uma oferta de valor a seu gosto. Caso ela venha a ser aceita, você é notificado imediatamente e então fica sabendo em qual hotel foi possível aplicar seu "bid". Se sua oferta não for aceita, você pode alterar os critérios de busca, ou, então, deve esperar 24 horas para lançar outra oferta em patamar maior. Particularmente, gosto deste sistema e o considero confiável. A única ressalva que faço é que você não pode alterar ou cancelar este tipo de reserva.
Outra empresa que trabalha assim é a Hotwire, que traz a opção "Get a Ridiculously Low Rate". No site, há uma explicação clara para esta opção: quando os hotéis estão com pouca ocupação, disponibilizam vagas com tarifas bem abaixo do mercado, desde que seu nome permaneça oculto. Por fim, a  Rental Cars trabalha da mesma forma, com as principais locadoras do mundo.
Como você vê, amiga viajante, existe um mundo de descontos pronto para ser descoberto, sendo que, de minha parte, considero-me uma ávida exploradora. E, embora minhas reservas sejam sempre feitas com meu cartãozinho Visa, posso dizer que, ao menos para mim, conseguir um hotel ou um carro por uma tarifa baixíssima é sempre uma enorme alegria que não tem preço. 

(Quiroga Market,  Michoacan de Ocampo, México - foto extraída de http://www.allposters.com.br)

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O DIÁRIO SECRETO DE UMA FLASHPACKER

Foi aguardando o voo para o insano Aeroporto de Lukla, no Nepal, que conheci um simpático casal de europeus, na faixa dos trinta e poucos anos, que trabalhava no mercado financeiro suíço. Ali eles começavam uma jornada de volta ao mundo que duraria exatos nove meses, ou, se você preferir, o tempo de uma gestação. Nosso trajeto até o Campo Base do Everest não era exatamente o mesmo, mas nos cruzamos algumas vezes na montanha, até que, dezoito dias depois, coincidentemente acabamos nos reencontrando para o retorno, quando definitivamente nos tornamos amigos. E ali mesmo, naquele país, seguimos juntos para um safári no esplêndido Chitwan National Park, que é considerado o último reduto da selva asiática. No longo percurso rodoviário até esse nosso destino, observei que minha amiga não desgrudava de seu diário. E, ao longo de alguns dias de convivência, constatei que ela tinha razão. Uma viagem de nove meses não é para qualquer um, pelo que ela se empenhava em anotar no seu diário todos os detalhes da jornada. E não é só. Ela colava nas páginas da agenda tudo o que fosse capaz de lembrá-la, no futuro, daqueles dias maravilhosos. Sabe aqueles diários de adolescente, com papéis de bala, guardanapos, flores secas, caixinhas de fósforo, cartõezinhos, bilhetinhos? Pois então. Era assim. E confesso que achei uma ideia maravilhosa, muito embora, verdade seja dita, não seja do meu feitio ter disposição para anotar meu "schedule" diário em páginas cor de rosa. De todo modo, havia informações preciosas naqueles escritos.
Para viabilizar sua longa viagem, meus amigos haviam adquirido tickets aéreos RTW - Round The World, que consistem em excelentes programas de companhias aéreas para visitas a até três continentes e preço aproximado de US$3.000,00 para o total de 15 a 20 voos e 29.000 milhas. Tratando-se, assim, de muita informação, a agendinha também se prestava a tais anotações e ao próprio plano de viagem, assim entendidos mapas, hotéis, endereços, telefones importantes, moedas locais, fuso horário e tudo o mais que eles fossem precisar. 
Ao final de nosso passeio na selva nepalesa e em meio a serpentes e elefantes, consegui convencer meus amigos a incluírem sua vinda ao Brasil e, sete meses depois, fui buscá-los no Aeroporto de Guarulhos. Nos divertimos muito aqui em São Paulo e a mim coube a tarefa de recolher cartõezinhos de visita e "folders" em todas as padarias, restaurantes, lojas e outros lugares em que estivemos. Mas o difícil mesmo ficou por conta de explicar aos atendentes.
Fica a dica, portanto, e também minha solene promessa: eu, Viviane, prometo que em minha próxima viagem vou tentar escrever um diário, tal qual minha amiga Tina. De toda forma, se eu não conseguir, pelo menos o blog estará garantido. Melhor assim.
(Backpacking X Flashpacking: flashpacking is a neologism used to refer to an affluent backpacker. Whereas backpacking is traditionally associated with budget travel and destinations relatively cheap, flashpacking has an association of more disposable income while traveling and has been defined simply as backpacking with a bigger budget. Fonte: Wikipedia)

(superfície da Pedra de Rosetta - British Museum - Londres, Inglaterra - foto extraída de http://heritage-key.com)

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

EM BUSCA DO HOTEL PERFEITO

Adoro montar minhas próprias viagens. Quando você opta pelo D.I.Y., acaba fazendo tantas e tantas pesquisas que, quando chega a seu destino, tem a sensação de que boa parte daquilo já lhe é familiar. Um claro exemplo disso é o processo de escolha de seus hotéis. Cada pessoa tem uma metodologia para fazer isso. Vou dizer qual é a minha. De saída, para eleger o local em que você vai se hospedar, é preciso ter uma visão geral da cidade. Para tanto, a primeira coisa que faço é comprar um bom guia de viagem. Depois, considerando que algumas das informações podem não estar 100% atualizadas, passo a checar tudo o que encontro nos sites das próprias cidades, em que há aqueles clássicos: "onde hospedar-se", "onde comer", "o que visitar", "onde comprar". Por fim, procuro nos blogs de viagem as melhores dicas para o meu destino. Terminada essa etapa e já tendo o mínimo conhecimento teórico sobre o lugar, passo à fase de procurar o melhor hotel para minha estadia.
Primeiro, estabeleço um "budget/noite". Em seguida, passo a buscar os hotéis em algum site especializado e coloco a opção de ordenação pelo "preço". Embora a busca pela "classificação" dos hotéis também possa ser uma boa alternativa, a procura por meio do valor pode render melhores resultados, pois muitas vezes há acordos de tarifas super promocionais. Seleciono, então, os hotéis de meu interesse e leio todos os comentários que puder encontrar. A principal fonte de "reviews" na net está no TripAdvisor. Note que abaixo de cada comentário está o perfil do viajante (ex: viajou sozinho, viajou com amigos, viajou em lua de mel, viajou com filhos, etc), o que garante uma apuração bem precisa da adequação do hotel ao seu gosto.
Por fim, começo as pesquisas propriamente ditas para fins de comparação de ofertas. Há vários sites de hotéis bastante confiáveis. Além do próprio TripAdvisor, gosto muito do recentíssimo Google Hotel Finder e também do  Expedia, que costuma ter uma maior gama de hotéis e normalmente oferece as melhores tarifas. Mas há outras boas opções também, como o Booking, a Hotels, o Lonely Planet, a Decolar e o Priceline. Este último site permite também a opção de lances para tarifas de hotéis, o que explico melhor num outro dia.
Eu sei que muitas pessoas têm receio de fazer reservas "on line", mas o que eu posso dizer é que já comprei em todos estes sites, fornecendo o número de meu cartão de crédito, e jamais tive qualquer problema.  Já precisei, inclusive, cancelar reservas e os créditos foram lançados na minha fatura seguinte normalmente. 
Se você nunca entrou num site desses, recomendo que dê uma espiada mesmo que seja apenas para deslumbrar-se com as literalmente milhares de opções e dicas de viagem. É absolutamente tentador. E se você, por outro lado, está pensando mesmo em viajar, não tenha receio em fazer sua própria garimpagem. Há verdadeiros tesouros valiosos escondidos por aí. Basta procurar.

(Hotel Villa Campomaggio, Radda in Chianti, Itália - foto extraída de http://www.splendia.com/)

domingo, 15 de janeiro de 2012

AIN'T NO MOUNTAIN HIGH ENOUGH

Existe um lado da minha personalidade que eu mesma acho engraçado. E não sei de onde ele veio, pois genético não é. Aliás, quanto a este aspecto, meus pais costumam dizer que tenho muito mais sorte do que juízo. E, quanto a isso, embora eu concorde com o fato de que sou mesmo uma pessoa abençoada, não posso aceitar a imputação de ser imprudente
Eu amo a rotina acima de tudo. Adoro quando a programação do meu dia-a-dia é confirmada e, acima de tudo, detesto surpresas. Por outro lado, paradoxalmente, estou sempre inventando uma coisa nova para fazer. E, quando digo "fazer", é fazer mesmo e de preferência o melhor que puder.
Anos atrás, quando decidi conhecer a Índia, a oportunidade que me apareceu foi seguir com um grupo de professores e profissionais de Yoga, liderados por um mestre. E, como eu já mencionei nesse blog, até então eu jamais tinha feito sequer uma aula. Imaginem vocês, amigas viajantes, que, em Pune, acabei na escola do famosíssimo Iyengar e tive uma aula com o próprio mito.
Tempos depois, encasquetei de fazer um "trekking" e pensei: uma vez que desejo ter esta experiência, por que não ir de uma vez e tentar o Everest?
E esse ano, impedida de cavalgar por questões de saúde, considerei que eu deveria aprender a mergulhar e me perguntei: que tal começar pelo Hawaai e por Fiji?
Algumas pessoas podem me considerar exagerada ou com mania de grandeza, mas não é nada disso, em absoluto. No fundo, e esta é a única verdade, gosto mesmo é de me impor desafios e de me obrigar a superá-los. Sendo assim, quando opto por fazer uma viagem destas, desde logo já me sinto realizando o meu sonho, pois preciso iniciar com a antecedência possível a minha preparação.
No caso da minha primeira viagem à Índia, matriculei-me um mês antes do embarque na Pratique Yoga, da professora Nicole, e expliquei a ela que precisava, em quatro semanas, das noções, posturas e conceitos básicos, ao menos para poder meditar e conversar com os demais integrantes do grupo.
Há um ano e pouco atrás, quando decidi fazer o Campo Base do Everest, procurei uma agência especializada, a Venturas e Aventuras, e o competente Jota deu todas as dicas necessárias a esta andarilha de primeiríssima viagem. Preparei-me, então, na Reebok e, desde logo, deixo aqui os meus agradecimentos aos queridos professores Guilherme e Wilson, que me colocaram em forma, em apenas três meses, para uma incrível jornada a 5.500 metros, mesmo eu já tendo operado os dois joelhos.
E agora, partindo em viagem daqui a 13 dias, creio que ontem e hoje aprendi o básico para deslumbrar-me com a vida subaquática do Oceano Pacífico, pelo que agradeço à Narwhal, em especial, aos instrutores Ana Paula, Alexandre e Aurélio, que me aceitaram como aluna, mesmo com a impossibilidade de eu carregar meu próprio cilindro devido a uma cirurgia recente na coluna vertebral.
Querida amiga, o mundo é cheio de oportunidades e não há dificuldades intransponíveis se você tiver um bom planejamento, preparação, dedicação e informação. Além disso, seja no topo do mundo, seja na superfície terrestre, seja nas profundezas do oceano, você sempre encontrará anjos dispostos a te ajudar. Nem sempre estes anjos poderão voar junto com você. Porém, são eles que fazem o mais importante por suas asas: eles te ensinam a arremeter.

(Eu em trekking no Himalaia, Nepal - foto: acervo pessoal)

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O MUNDO GIRANDO NAS PATAS DO MEU CAVALO

Quase todo mundo teve na vida uma breve experiência com cavalos. E não sei bem a razão, mas a maioria das pessoas com quem converso me fala que sua última montaria aconteceu por volta dos dez anos de idade, em um hotel fazenda, num sítio da família ou em Campos do Jordão. Cavalos são animais maravilhosos porque são fortes, sensíveis e leais, como todos os seres do mundo deveriam ser. E é por isso mesmo que os amo tanto. Minha experiência não foi muito diferente e, aos trinta anos de idade, resgatando essa paixão da infância, resolvi aprender a montar e a saltar, chegando a participar de algumas provas em hípicas de São Paulo. Mas depois de um tombo sério no  Clube Hipico de Santo Amaro, fiquei sem subir em um cavalo por mais de dez anos, até que um dia descobri uma atividade diferente e muito prazerosa para praticar: cavalgadas. O feriado da Páscoa de 2010 estava chegando e, depois de pesquisar no Google, que é meu melhor amigo e conselheiro, encontrei a agência Cavalgadas Brasil, que oferecia uma programação chamada "Cavalgada das Fazendas Históricas", na região de Mococa, e que tinha como ponto de partida a Fazenda Nova. E foi assim que iniciei esta minha nova atividade, sendo que, não passados nem dois anos desde então, posso contabilizar que fiz, literalmente, dezenas de passeios como este, alguns de apenas um ou dois dias, e outros de uma semana inteira. Existem vários haras e fazendas que oferecem programações muito interessantes. Uma boa dica é a região do Itu, bem próxima a São Paulo, onde, num quadrilátero de pouquíssimo quilômetros, estão a Fazenda Capoava, a Fazenda Cana Verde e o Haras do Mosteiro. Se você se sentir preparada, porém, para aventuras mais ousadas, escolha uma das viagens da Riding Tourism, que é um diretório muito completo e que apresenta centenas de opções de viagens a cavalo pelo mundo afora. E também não deixe de conferir as programações da Campofora Viagens a Cavalo, que organiza programações no sul do País.
Amiga amazona, se você não tiver companhia para isso, não se preocupe. Há muitas pessoas sozinhas neste tipo de atividade. Aliás, foi sem nenhuma companhia que segui a Mococa e que ingressei neste novo mundo. E o melhor de tudo é que fiz amigos incríveis e que repetimos muitas e muitas vezes esta  experiência maravilhosa. Hoje posso dizer que, para ser completamente feliz, cavalgar é preciso. Sendo assim, abra as suas asas e voe como pégaso.

(safari a cavalo no Quênia - foto extraída de http://www.rideafrica.com)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

LUBRIFICANDO AS ASAS

Toda vez que minha vida emperra, fico pensando que ali, bem naquele ponto, há algo para aprender. Mas dificilmente descubro o que é. Aliás, para ser justa comigo mesmo, acabo descobrindo, sim. Mas, na maioria das vezes, tanto tempo depois do acontecido, que chego a ficar triste pelo fato de que, à época, eu tenha sofrido à toa. Aprender parece ser a missão básica da humanidade. Sem o aprendizado, um ser humano não pode sequer sobreviver. Ele tem que saber o mínimo nem que seja apenas para permanecer em pé sobre a face da Terra.
Muitas pessoas viram as costas ao conhecimento, ao argumento de que este não resolve as suas vidas. Mas, se isso pode ser correto, não menos verdadeiro é o fato de que também não será a ignorância que solucionará os seus problemas. Seja como for, gosto é gosto e cada um deve viver de acordo com suas próprias convicções. E, de todo modo, diferentemente do conhecimento, a verdadeira sabedoria parece mesmo estar sempre dentro de nós.
Existem muitas formas de aprender e muitas vezes exige-se o esforço de nossa parte. Felizmente, há, também, maneiras bastante prazerosas de agregar conhecimento. Uma delas é viajar, pois, se para aprender algo você não precisa viajar, eu diria que é impossível viajar sem aprender.
Como eu mencionei nas primeiras postagens do blog, hoje em dia você encontra quase tudo em termos de viagens, o que certamente aumenta, em muito, as razões para bater suas asas.
Existem agências especializadas em viagens de conhecimento. E elas são absolutamente fantásticas. Normalmente, elas divulgam um calendário já idealizado para que os grupos possam se formar. E estes grupos sempre são liderados por um "expert" no assunto. Aqui no Brasil, temos a Latitudes, que faz um trabalho primoroso. Nunca viajei com eles, mas conheço pessoalmente alguns dos especialistas. Só a visita ao "site" já vale muito. Há roteiros e fotos incríveis. A americana Wander Tours é também excepcional. Além de destinos fantásticos, a agência criou um segmento chamado Women-Only, com programas adequados ao gosto feminino. 
Além disso, se você não tem companhia para viajar, é extremamente interessante buscar este tipo de viagem, em que sempre há outras mulheres na mesma situação que você.
Querida viajante, não é possível saber o que será de nós mesmas no dia de amanhã, nem mesmo com todo o conhecimento do mundo. Nosso futuro é sempre incerto e desconhecido. Há uma verdade, porém, de caráter absoluto e da qual ninguém pode fugir: sem preparar-se e sem treinar as suas asas, nem mesmo um pássaro pode voar. Mãos à obra.

(Vitória de Samotrácia - Museu do Louvre - Paris, França - foto extraída de http://www.louvre.fr/)

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O DIA EM QUE EU MORDI A MAÇÃ

O namoro ia bem, obrigada. Mas tão bem mesmo que, em dez dias, embarcaríamos juntos a Nova Iorque, onde supostamente seriam compradas as alianças de noivado. Foi quando, então, numa segunda-feira, por volta das 7 horas da manhã, e embasada em suspeitas justificadas, fui espiar um torpedo que acabara de entrar em seu celular, enquanto ele preparava o café. Ele argumentou, ao depois, que eu poderia ter feito tudo, ou pelo menos quase tudo, mas que bisbilhotar nas suas coisas era absolutamente indesculpável e estava fora de questão. E foi assim que acabei sendo expulsa do paraíso. Pretexto ou não, pecado ou não, fui banida para sempre da sua vida e, ali mesmo, encerrou-se uma fase da minha.
Nossa existência é, felizmente, uma sucessão de capítulos até o dia em que o livro acaba de vez. E, como diz o velho ditado, quando uma porta se fecha, outras se abrem. Naquele caso, não havia o que fazer e, mesmo muito aborrecida, segui sozinha para o tão sonhado destino planejado a dois. Mas a viagem, apesar dos "apesares", como leio por aí, foi boa até demais. Em primeiro lugar, a suíte gigantesca do Waldorf Astoria é capaz de, efetivamente, melhorar o humor de qualquer mortal. Aliás, não me importei nem um pouco de tomar sozinha o champagne que ele havia encomendado quando fez a reserva. Além disso, verdade seja dita, você só não se diverte em Nova Iorque se estiver em um estágio muitíssimo avançado de profunda depressão. E isto é ainda mais verdadeiro se você conhecer o mapa das boas compras.
Sem muita vontade de sair de Manhattan, dediquei-me, com afinco, a escolher, ali mesmo, os melhores endereços para comprar bem e gastar pouco. E agora, com alegria, divido com vocês estas informações. A Macy's é o óbvio do óbvio, mas sempre vale a visita. Além dos descontos-relâmpago que acontecem em horários variados, você sempre tem garantidos os 11% de desconto com o cupom que você retira no Visitor's Center. Outra loja que sempre vale a pena visitar é a Century 21, onde os descontos de marcas consagradas podem chegar a 75%. Outra loja que você tem que conhecer é a Burlington Coat Factory, que tem todo tipo de casacos e sobretudos que você imaginar, de marcas desconhecidas a muito famosas. Por fim, uma das minhas lojas queridinhas é a Filene's Basement, que, desde novembro de 2011, está em uma espécie de processo de falência. Neste mês, as lojas estão fechadas, mas anote o nome para a eventualidade de elas reabrirem.
Por fim, se, entre uma caminhada e outra, você desejar um bom café mas já estiver saturada do Starbucks, vá se deliciar em uma das lojas da Pret a Manger e coma por mim um Almond Croissant.
Amiga, é dispensável dizer que eu não quis nem passar perto da Tiffany, onde as alianças seriam adquiridas, como combinado. Em compensação, passeei por tantos lugares e fiz tantas outras coisas variadas que mal tive tempo de reparar como a vida é mesmo engraçada: mordi a maçã proibida e fui parar sozinha na Big Apple.

(Apple Store - Fifth Avenue - NYC, USA - foto: acervo pessoal)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

EM ROMA, FAÇA COMO OS ROMANOS

Você decidiu viajar e escolheu cuidadosamente seu destino. Também já leu sobre a história local, checou os melhores pontos para visitar e trocou seus reais pela moeda que a fará tão feliz durante alguns dias. Sua vida já está super organizada e só falta uma coisa antes de partir: arrumar a sua mala. É claro que não listarei os itens óbvios que você deverá levar. Aliás, sempre acho engraçado quando leio "leve um jeans confortável, camisetas que combinem com saias ou shorts, um vestido preto para sair à noite, um sapato baixo, um alto, um biquíni, um casaco". Ou, ainda, itens essenciais como "uma caixinha de remédios, um kit de costura, apetrechos para manicure, chapinha". Alguém acha mesmo que uma mulher não sabe o que carregar consigo? 
Eu estou falando de um assunto completamente diferente e um pouco mais delicado. Todas nós temos nosso próprio estilo do qual não pretendemos abrir mão por nada neste mundo. Porém, quando se trata de ir a um lugar que não conhecemos, considero de extrema importância conhecer o "dress code" do seu destino. Obviamente, se você for viajar para locais de cultura parecida com a sua, as chances de algo dar errado serão bem menores, embora, por incrível que pareça, isto seja uma possibilidade razoavelmente comum. Porém, quando você viaja para um lugar com características muito diferentes, é absolutamente imprescindível que você use e abuse do bom senso e da informação. E isto não tem necessariamente a ver com sua segurança pessoal, mas, sim, com aborrecimentos que poderiam ser evitados de forma a não estragar o seu dia, ou, quiçá, sua viagem inteira.
Vamos às regras: 1) Aceitar a cultura local é sinal de respeito e de educação. Jamais tente argumentar ou entender porque em alguns países você pode sair com a barriga de fora e não pode sair vestida com camiseta regata e calça jeans; 2) Não vale a pena criar caso e discutir. Alguns anos atrás, presenciei uma companheira de viagem arruinar sua própria noite porque exigia entrar no Cassino do então Loews Monte Carlo, hoje Fairmont, em Mônaco, calçando tênis; 3) Quanto menos você aparecer, melhor vai aproveitar sua viagem. Sugiro, portanto, que, temporariamente, você deixe de lado sua versão diva. Por exemplo, a menos que você se chame Carrie Bradshaw, usar um Manolo com saia de tule em plena 5a. Avenida (nem Sarah Jessica Parker ousaria), certamente não causará o efeito desejado. 
Querida viajante, nessa longa estrada da vida, é necessário, muitas vezes, ser flexível e adaptável. Isto não compromete sua personalidade e sua opinião. Ao contrário, apenas demonstra sua compreensão e a capacidade de aproveitar a vida no que ela tem de melhor a lhe oferecer.

(Coliseu - Roma, Itália - foto extraída de http://www.viagginews.com/)

sábado, 7 de janeiro de 2012

QUEM SÃO AS MULHERES COM ASAS

As Mulheres com Asas são as mulheres livres. Não necessariamente as solteiras, pois a liberdade a que me refiro não diz respeito ao estado civil, mas, sim, ao estado de espírito. Sendo assim, as Mulheres com Asas podem estar solteiras, viúvas, casadas ou descasadas. E digo "podem estar" ao invés de "podem ser" porque o estado civil não é uma qualidade intrínseca da alma, mas, sim, uma condição mutável e volátil que muitas vezes se altera por circunstâncias alheias às nossas próprias vontades.
Todas as mulheres nascem com vocação para ter asas, mas não são todas as que se dedicam à tarefa de desenvolvê-las e usá-las. Talvez seja esta a diferença primordial.
As Mulheres com Asas valorizam sua autonomia. Apreciam também as suas asas na forma como a natureza as criou e rejeitam qualquer proposta de substituição por asas feitas de ouro se a doação significar submissão, anulação da independência ou perda da liberdade essencial, a qual está relacionada à faculdade de pensar, de agir e de determinar-se de acordo com o seu próprio entendimento.
As Mulheres com Asas muitas vezes vêm ao mundo como anjos. Mas não no sentido celestial do termo e, sim, porque se mostram generosas, gregárias e protetoras. Uma mulher com asas sempre reconhece a outra como pertencente ao mesmo grupo.
As Mulheres com Asas têm sede de conhecimento, são curiosas, ousadas e inovadoras, mas mantêm-se centradas e norteadas por seus princípios e pela razoabilidade de suas ações.
As Mulheres com Asas sabem que devem se livrar dos pesos da raiva, da culpa e da angústia, pois, com eles, são incapazes de voar.
Por fim, sem estender-me em infinitas e outras possíveis definições, as Mulheres com Asas sabem que não são perfeitas, que erram e que também podem machucar. Têm em mente, porém, que devem aprimorar-se todos os dias e que precisam perdoar sempre e cada vez mais, aos outros e a si mesmas.
O mapa das Mulheres com Asas mora dentro de suas mentes. A bússola das Mulheres com Asas habita seus corações. 
As Mulheres com Asas reconhecem que o sentido da vida, em última instância, está em encontrar o amor. Mas não o amor-paixão, que faz suas asas vibrarem. E, sim, o amor absoluto e incondicional que é capaz de transportá-las para além do horizonte. Bons voos.




quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O QUINTAL DA MINHA CASA

Como moradora da capital paulista, sinto-me privilegiada em poder viajar, uma ou duas vezes por mês, para estar em contato com a exuberante natureza da Mata Atlântica. Meu refúgio fica no litoral norte do Estado, no Município de São Sebastião. A casa é amarela, possui janelas de madeira e a trilha sonora fica por conta dos pássaros e do pica-pau que mora em uma das palmeiras. A animação está a cargo das enormes borboletas azuis que teimam em fazer arrelia em todo o entorno. Se um dia você vier me visitar, será recebido por mim, por minha cachorrinha dálmata e pelo Buda que repousa em meio às orquídeas, no jardim da frente. Mas o ponto alto da minha casa é o quintal. Ele se chama "Praia de Camburizinho" e fica a uma distância de aproximados três quilômetros da minha morada. E é bem ali que passo as manhãs e tardes de sol.
A praia é pequena, tem pouco mais de 300 metros de extensão. O mar é azul e cristalino e a areia é bem branquinha. Nas duas extremidades, há pedras e vegetação nativa, sendo que, no lado direito, está o riozinho que você pode facilmente atravessar para chegar à Praia de Cambury. As duas praias são irmãs, mas não são gêmeas. Enquanto Cambury é bastante frequentada pela moçada e por surfistas, Camburizinho normalmente é muito tranquila e sem nenhuma agitação. A praia tem dois pórticos de entrada que saem da Estrada do Cambury. Se você resolver se acomodar perto de qualquer deles, encontrará várias barracas de bebidas e de petiscos. E, a não se que a praia esteja excepcionalmente lotada, você sempre conseguirá com seus donos um guarda-sol e as cadeiras que precisar. Se você preferir, porém, ter a experência de uma praia praticamente deserta, é só seguir andando para o lado esquerdo e ali esticar sua canga.
Na Estrada do Cambury, na extensão que acompanha a praia, você encontra alguns restaurantes, pousadas, um supermercado, lojas de variedades e boutiques. Se você estiver por lá, vale experimentar uma das saladas e pelo menos um dos doces do Restaurante Framboesa, da simpática Ceres. Não deixe também de visitar o Villa Bebek Hotel, onde você poderá degustar uma deliciosa caipirinha de frutas em um ambiente tipicamente balinês. Por fim,  entre outras tantas dicas que eu poderia deixar aqui, recomendo que você vá ao Pura Bar. O Pura é para poucos e bons, mas não pelo preço e, sim, por seu charme exclusivo. Ele fica escondido no canto esquerdo da praia e o acesso é pela própria areia. Para sinalizar que o bar está aberto, seu proprietário, o Marcelo, coloca um guarda-sol neon na areia, que é visível da outra ponta da praia. Pronto. É só seguir até lá, subir as escadinhas esculpidas na pedra e deliciar-se com a melhor vista de Camburizinho, ao som de música brasileira de vitrola, como ele faz questão de frisar.
A Praia de Camburizinho tem muitos outros encantos secretos, que vou deixar para você desvendar sozinha. Sendo assim, mesmo que você não tenha tempo para ir até minha casa, não deixe de visitar este meu quintal.  O arquiteto e o paisagista superaram-se na elaboração e execução deste projeto.

(vista do Pura Bar - Camburizinho, São Sebastião, SP - Brasil - foto: acervo pessoal)

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

AS RAZÕES QUE NINGUÉM VÊ

Muitas pessoas ficam admiradas quando comento que viajo sozinha e consideram isto um ato de coragem da minha parte. Outras tantas, porém, olham-me um pouco intrigadas, o que me permite perceber que, nos esconderijos de suas mentes, estão investigando as razões pelas quais isso acontece. Quando noto esta inquietação, trato logo de explicar e, em questão de segundos, aquilo que parecia um mistério insondável desmistifica-se, pois, na realidade, não há segredo nenhum a ser desvendado. 
Meu primeiro voo solo aconteceu em 1996, ano seguinte ao do meu divórcio, durante o período das minhas férias, que começariam logo após o Natal. Como eu pretendia ir ao Canadá, é óbvio que não encontrei nenhuma alma que se dispusesse a viajar comigo para enfrentar o frio de cerca de -30 graus Celsius. É claro que fiquei um pouco temerosa, mas fui, ao estilo sem lenço e sem documento, com um mapa na mão, muitos casacos na mala e nenhuma reserva de hotel. E ali fiquei 35 dias, período em que tive a oportunidade de aprender muitas coisas sobre a vida e sobre os seres humanos. 
A primeira grande lição que tive foi a de que há pessoas generosas e solícitas no mundo. Além disso, existe uma empatia natural dos demais turistas quanto aos viajantes solitários, de modo que você só ficará completamente sozinha se for uma pessoa socialmente inviável.
Em segundo lugar, quando você começa a conversar com desconhecidos, estes tendem a remover seus filtros e máscaras, o que permite aferir que suas vidas não são necessariamente melhores do que a sua. Não existe qualquer razão, portanto, para você sentir-se inferiorizada sob nenhum aspecto.
Por fim, não sei se isso é bom ou ruim, mas a verdade é que as pessoas sempre estão ocupadas demais com suas próprias questões para se incomodarem com o fato de que você esteja viajando sozinha ou acompanhada. Isto não faz a menor diferença na vida delas.
Compreendendo, assim, estas três regrinhas de ouro, afastei qualquer sentimento de vergonha, constrangimento ou inadequação, tanto que, após esta primeira experiência, viajei sozinha dezenas de vezes, em circunstâncias muito variadas.
Para finalizar, quero deixar claro que nem sempre viajo sozinha. Evidentemente, quando possível, viajo com meus pais, com meu filho, com meus amigos e, quando estou em algum relacionamento, com meu parceiro. A diferença é que, quando não há ninguém disponível por falta de tempo, de dinheiro, de vontade ou de interesses coincidentes, sigo sozinha da mesma maneira.
Aprendi, com o tempo, a não desperdiçar aquilo que a vida oferece como possível naquele momento. Sendo assim, aproveitar a oportunidade é, talvez, uma resposta única para tantas e tantas perguntas. Sem nenhum mistério. Sem nenhum segredo.

(cascata congelada - Québec, Canadá - foto extraída de http://travellingboard.net/)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

ESPELHO, ESPELHO MEU

Dizem que a pior solidão é aquela que você sente quando está acompanhada. Sabe aquele tipo de namorado que não tem disposição para nada e que nunca está disponível para viajar com você? Pois então. Foi assim que fui parar sozinha no sul da Bahia alguns anos atrás. Ao comprar o pacote, optei por ficar em Arraial d'Ajuda, o que não deixou de ser uma ótima escolha. A pousada era muito charmosa e ficava bem localizada, na rua principal da cidade. Aliás, caso você decida ir sozinha a este destino, recomendo que você fique mesmo na Estrada do Mucugê, conhecida como Rua do Mucugê, onde existem muitos bares, restaurantes e lojinhas. No dia seguinte ao da chegada, desci a pé até a praia que leva o mesmo nome e que é agradabilíssima. Ao retornar no final da tarde, procurei uma agência turística local para informar-me sobre os passeios e, assim, em meu segundo dia, segui para a Praia do Espelho, onde encontrei um cenário deslumbrante. Confesso que não sou grande conhecedora do litoral brasileiro e, desde logo, penitencio-me por isso. Mas certamente a Praia do Espelho, dentre as que conheci ao longo da vida e, inclusive, comparada às demais da região, é, de longe, a mais representativa do quesito "beleza natural". Única ressalva: é muito caro hospedar-se ali. 
Neste dia, conheci uma moça gaúcha que também viajava sozinha e que estava hospedada em uma pousada bem próxima da minha. E, assim, tive companhia pelo resto da viagem. Passeamos muito e um dia decidimos pernoitar por conta própria na pequena Trancoso, que não estava incluída em nossos respectivos pacotes. Seguimos em ônibus de carreira até lá e encontramos uma pousadinha bem ali no Quadrado e, porém, ridiculamente barata, no melhor estilo "até que é limpinha". O mosquiteiro rosa-choque pendurado no teto dava o tom, em todas as acepções do termo, do tipo de acomodação. Mas nos divertimos muito, caminhamos por todas as praias, jantamos em um restaurante internacional e terminamos a noite dançando forró. Acredite ou não, o sul da Bahia é para todos os gostos  e bolsos e, naquela região, há muito para ver e para se aventurar. Ou, se você preferir, é o melhor lugar do mundo para não fazer absolutamente nada.
Voltei revigorada da viagem. O namoro, como previsto, não durou mais que alguns meses após minha volta, mas não por causa da viagem em si, e sim porque realmente éramos muito diferentes. E, sinceramente, nunca me arrependi de ter ido. Naquele momento da minha vida, tudo o que eu precisava era tirar uns dias  de folga para ficar em contato com a natureza e simplesmente relaxar. Nada mais. Zen assim.
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Segunda-feira pós-retorno, 15:00 horas, cafezinho em frente ao trabalho: 
"E aí, Vivi, como foi a viagem?"
"Ótima, obrigada. Adorei".
"Fez topless?"
"Não. Jamais faria".
"Arrumou um namorado baiano?"
"Não, nada. Sou comprometida".
"Deu um beque?"
"Claro que não! Você enlouqueceu?"
"Mas me responde, Vivi, que raios então você foi fazer em Trancoso?"

(Praia do Espelho - Bahia, Brasil - foto extraída de http://turismo.ig.com.br/)


segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A ÍNDIA, O ABRAÇO E O CHAVEIRO

A primeira vez que estive na Índia foi há exatos cinco anos, em janeiro de 2007. Embora até então eu jamais tivesse frequentado uma única aula de yoga, juntei-me ao grupo de professores do mestre Marcos Rojo, de São Paulo, pessoa por quem nutro grande estima. Eu soube desta jornada por meio de um cartaz aposto no Templo da Monja Coen, que seguiria em viagem como convidada especial. E, assim, fiquei 32 dias naquele país fantástico, atravessando suas terras de norte a sul e, depois, de sul a norte, por todos os meios de transporte que você puder imaginar. Há tanto, mas tanto mesmo, a contar sobre esta viagem que caberia a criação de um blog inteiro dedicado exclusivamente a ela.
No extremo sudoeste do país, fica o Estado de Kerala, banhado pelo Mar da Arábia. E é ali, numa cidadezinha remota, que se localiza o ashram da guru indiana Amma. Amma não se chama Amma. Nasceu Mātā Amritanandamayī Devi, mas, desde cedo, recebeu o codinome que a notabilizou, e que significa "mãe". Amma é conhecidíssima naquele país e em toda a Ásia e Europa, principalmente por seus projetos humanitários. Ganhou projeção internacional em 2004, ao doar, sozinha, 23 milhões de dólares às vítimas do Tsunami.
Mas o que torna Amma tão famosa é o fato de que milhões de pessoas vão a seu ashram em busca de seu caloroso abraço. Formam-se filas gigantescas de turistas e de devotos para receber esta verdadeira bênção, que sempre vem acompanhada de uma breve prece de conforto ao pé de seu ouvido.
Para melhor organizar aquela multidão de fiéis, os voluntários dividem as pessoas em grandes grupos que serão chamados em uma suposta ordem cronológica de chegada, que não consegui constatar.
Como havia literalmente milhares de pessoas no ashram naquele dia, perdi de vista meus companheiros e acabei sentando no chão, ao lado de lindas meninas indianas, trajadas com impecáveis uniformes britânicos e bindis reluzentes na testa. Uma delas, com cerca de 14 anos, pegou em minha mão e admirou meu anel de strass em formato de coração. Eu estava usando um par de brincos semelhante. E não pensei duas vezes em tirar todas aquelas bijuterias e entregar à simpática garota, que, notoriamente, estava no auge de sua faiscante vaidade adolescente. Ela me agradeceu com um beijo na face.
Cerca de duas horas depois, finalmente chegou minha vez de receber o abraço, que, confesso, muito me emocionou. Impossível não chorar em meio àquela verdadeira catarse.
E, quase em transe, saí do templo à procura dos demais, pois já era quase final da tarde. Depois de mais de uma hora andando de um lado para outro, eu ainda não havia encontrado ninguém, o que me deixou um pouco apreensiva, pois meu hotel, em Cochin, ficava a 140 km ao norte daquele local e não havia transporte público regular.
Qual não foi, então, minha surpresa, quando vi minha nova amiga de olhos amendoados vir correndo em minha direção para me entregar um chaveiro com a foto da Amma, que ela acabara de comprar na lojinha de souvenirs. E, naquele exato momento, ao abraçar a garota, recebi a mais importante lição daquele dia, qual seja o ato de receber, de ser grata, e de dar em retribuição.
O abraço de Amma e suas palavras incompreensíveis foram muito especiais em minha vida. Mas, justiça seja feita, foi aquele chaveirinho que tocou e calou fundo em meu coração, de forma divina e eterna. Obrigada, pequena garota. Não sei seu nome, mas foi por sua causa que voltei à India três anos depois. E  também será em sua homenagem que retornarei tantas vezes quantas forem possíveis àquele santuário de amor.

Backwaters - Kerala, Índia - foto extraída de http://www.amritapuri.org)