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domingo, 15 de janeiro de 2012

AIN'T NO MOUNTAIN HIGH ENOUGH

Existe um lado da minha personalidade que eu mesma acho engraçado. E não sei de onde ele veio, pois genético não é. Aliás, quanto a este aspecto, meus pais costumam dizer que tenho muito mais sorte do que juízo. E, quanto a isso, embora eu concorde com o fato de que sou mesmo uma pessoa abençoada, não posso aceitar a imputação de ser imprudente
Eu amo a rotina acima de tudo. Adoro quando a programação do meu dia-a-dia é confirmada e, acima de tudo, detesto surpresas. Por outro lado, paradoxalmente, estou sempre inventando uma coisa nova para fazer. E, quando digo "fazer", é fazer mesmo e de preferência o melhor que puder.
Anos atrás, quando decidi conhecer a Índia, a oportunidade que me apareceu foi seguir com um grupo de professores e profissionais de Yoga, liderados por um mestre. E, como eu já mencionei nesse blog, até então eu jamais tinha feito sequer uma aula. Imaginem vocês, amigas viajantes, que, em Pune, acabei na escola do famosíssimo Iyengar e tive uma aula com o próprio mito.
Tempos depois, encasquetei de fazer um "trekking" e pensei: uma vez que desejo ter esta experiência, por que não ir de uma vez e tentar o Everest?
E esse ano, impedida de cavalgar por questões de saúde, considerei que eu deveria aprender a mergulhar e me perguntei: que tal começar pelo Hawaai e por Fiji?
Algumas pessoas podem me considerar exagerada ou com mania de grandeza, mas não é nada disso, em absoluto. No fundo, e esta é a única verdade, gosto mesmo é de me impor desafios e de me obrigar a superá-los. Sendo assim, quando opto por fazer uma viagem destas, desde logo já me sinto realizando o meu sonho, pois preciso iniciar com a antecedência possível a minha preparação.
No caso da minha primeira viagem à Índia, matriculei-me um mês antes do embarque na Pratique Yoga, da professora Nicole, e expliquei a ela que precisava, em quatro semanas, das noções, posturas e conceitos básicos, ao menos para poder meditar e conversar com os demais integrantes do grupo.
Há um ano e pouco atrás, quando decidi fazer o Campo Base do Everest, procurei uma agência especializada, a Venturas e Aventuras, e o competente Jota deu todas as dicas necessárias a esta andarilha de primeiríssima viagem. Preparei-me, então, na Reebok e, desde logo, deixo aqui os meus agradecimentos aos queridos professores Guilherme e Wilson, que me colocaram em forma, em apenas três meses, para uma incrível jornada a 5.500 metros, mesmo eu já tendo operado os dois joelhos.
E agora, partindo em viagem daqui a 13 dias, creio que ontem e hoje aprendi o básico para deslumbrar-me com a vida subaquática do Oceano Pacífico, pelo que agradeço à Narwhal, em especial, aos instrutores Ana Paula, Alexandre e Aurélio, que me aceitaram como aluna, mesmo com a impossibilidade de eu carregar meu próprio cilindro devido a uma cirurgia recente na coluna vertebral.
Querida amiga, o mundo é cheio de oportunidades e não há dificuldades intransponíveis se você tiver um bom planejamento, preparação, dedicação e informação. Além disso, seja no topo do mundo, seja na superfície terrestre, seja nas profundezas do oceano, você sempre encontrará anjos dispostos a te ajudar. Nem sempre estes anjos poderão voar junto com você. Porém, são eles que fazem o mais importante por suas asas: eles te ensinam a arremeter.

(Eu em trekking no Himalaia, Nepal - foto: acervo pessoal)

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A ÍNDIA, O ABRAÇO E O CHAVEIRO

A primeira vez que estive na Índia foi há exatos cinco anos, em janeiro de 2007. Embora até então eu jamais tivesse frequentado uma única aula de yoga, juntei-me ao grupo de professores do mestre Marcos Rojo, de São Paulo, pessoa por quem nutro grande estima. Eu soube desta jornada por meio de um cartaz aposto no Templo da Monja Coen, que seguiria em viagem como convidada especial. E, assim, fiquei 32 dias naquele país fantástico, atravessando suas terras de norte a sul e, depois, de sul a norte, por todos os meios de transporte que você puder imaginar. Há tanto, mas tanto mesmo, a contar sobre esta viagem que caberia a criação de um blog inteiro dedicado exclusivamente a ela.
No extremo sudoeste do país, fica o Estado de Kerala, banhado pelo Mar da Arábia. E é ali, numa cidadezinha remota, que se localiza o ashram da guru indiana Amma. Amma não se chama Amma. Nasceu Mātā Amritanandamayī Devi, mas, desde cedo, recebeu o codinome que a notabilizou, e que significa "mãe". Amma é conhecidíssima naquele país e em toda a Ásia e Europa, principalmente por seus projetos humanitários. Ganhou projeção internacional em 2004, ao doar, sozinha, 23 milhões de dólares às vítimas do Tsunami.
Mas o que torna Amma tão famosa é o fato de que milhões de pessoas vão a seu ashram em busca de seu caloroso abraço. Formam-se filas gigantescas de turistas e de devotos para receber esta verdadeira bênção, que sempre vem acompanhada de uma breve prece de conforto ao pé de seu ouvido.
Para melhor organizar aquela multidão de fiéis, os voluntários dividem as pessoas em grandes grupos que serão chamados em uma suposta ordem cronológica de chegada, que não consegui constatar.
Como havia literalmente milhares de pessoas no ashram naquele dia, perdi de vista meus companheiros e acabei sentando no chão, ao lado de lindas meninas indianas, trajadas com impecáveis uniformes britânicos e bindis reluzentes na testa. Uma delas, com cerca de 14 anos, pegou em minha mão e admirou meu anel de strass em formato de coração. Eu estava usando um par de brincos semelhante. E não pensei duas vezes em tirar todas aquelas bijuterias e entregar à simpática garota, que, notoriamente, estava no auge de sua faiscante vaidade adolescente. Ela me agradeceu com um beijo na face.
Cerca de duas horas depois, finalmente chegou minha vez de receber o abraço, que, confesso, muito me emocionou. Impossível não chorar em meio àquela verdadeira catarse.
E, quase em transe, saí do templo à procura dos demais, pois já era quase final da tarde. Depois de mais de uma hora andando de um lado para outro, eu ainda não havia encontrado ninguém, o que me deixou um pouco apreensiva, pois meu hotel, em Cochin, ficava a 140 km ao norte daquele local e não havia transporte público regular.
Qual não foi, então, minha surpresa, quando vi minha nova amiga de olhos amendoados vir correndo em minha direção para me entregar um chaveiro com a foto da Amma, que ela acabara de comprar na lojinha de souvenirs. E, naquele exato momento, ao abraçar a garota, recebi a mais importante lição daquele dia, qual seja o ato de receber, de ser grata, e de dar em retribuição.
O abraço de Amma e suas palavras incompreensíveis foram muito especiais em minha vida. Mas, justiça seja feita, foi aquele chaveirinho que tocou e calou fundo em meu coração, de forma divina e eterna. Obrigada, pequena garota. Não sei seu nome, mas foi por sua causa que voltei à India três anos depois. E  também será em sua homenagem que retornarei tantas vezes quantas forem possíveis àquele santuário de amor.

Backwaters - Kerala, Índia - foto extraída de http://www.amritapuri.org)

sábado, 24 de dezembro de 2011

DESEJANDO UM FELIZ NATAL

Nesta véspera de Natal, a única e mais importante dica de viagem que me vem à mente é uma frase de Amyr Klink, a qual bem define as razões para que alguém levante voo rumo ao desconhecido. 
Com a coragem daqueles que acreditam no melhor e com a alegria de uma criança que recebe um presente, o medo imediatamente desaparecerá e dará lugar a uma felicidade nunca antes sentida: "Um homem precisa viajar. por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz fez o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver".
Desejo a todas as viajantes do mundo, verdadeiras Mulheres com Asas, um Natal cheio de Luz!

(crianças em Karla Caves - Karli, Índia - foto: acervo pessoal)