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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

AS RAZÕES QUE NINGUÉM VÊ

Muitas pessoas ficam admiradas quando comento que viajo sozinha e consideram isto um ato de coragem da minha parte. Outras tantas, porém, olham-me um pouco intrigadas, o que me permite perceber que, nos esconderijos de suas mentes, estão investigando as razões pelas quais isso acontece. Quando noto esta inquietação, trato logo de explicar e, em questão de segundos, aquilo que parecia um mistério insondável desmistifica-se, pois, na realidade, não há segredo nenhum a ser desvendado. 
Meu primeiro voo solo aconteceu em 1996, ano seguinte ao do meu divórcio, durante o período das minhas férias, que começariam logo após o Natal. Como eu pretendia ir ao Canadá, é óbvio que não encontrei nenhuma alma que se dispusesse a viajar comigo para enfrentar o frio de cerca de -30 graus Celsius. É claro que fiquei um pouco temerosa, mas fui, ao estilo sem lenço e sem documento, com um mapa na mão, muitos casacos na mala e nenhuma reserva de hotel. E ali fiquei 35 dias, período em que tive a oportunidade de aprender muitas coisas sobre a vida e sobre os seres humanos. 
A primeira grande lição que tive foi a de que há pessoas generosas e solícitas no mundo. Além disso, existe uma empatia natural dos demais turistas quanto aos viajantes solitários, de modo que você só ficará completamente sozinha se for uma pessoa socialmente inviável.
Em segundo lugar, quando você começa a conversar com desconhecidos, estes tendem a remover seus filtros e máscaras, o que permite aferir que suas vidas não são necessariamente melhores do que a sua. Não existe qualquer razão, portanto, para você sentir-se inferiorizada sob nenhum aspecto.
Por fim, não sei se isso é bom ou ruim, mas a verdade é que as pessoas sempre estão ocupadas demais com suas próprias questões para se incomodarem com o fato de que você esteja viajando sozinha ou acompanhada. Isto não faz a menor diferença na vida delas.
Compreendendo, assim, estas três regrinhas de ouro, afastei qualquer sentimento de vergonha, constrangimento ou inadequação, tanto que, após esta primeira experiência, viajei sozinha dezenas de vezes, em circunstâncias muito variadas.
Para finalizar, quero deixar claro que nem sempre viajo sozinha. Evidentemente, quando possível, viajo com meus pais, com meu filho, com meus amigos e, quando estou em algum relacionamento, com meu parceiro. A diferença é que, quando não há ninguém disponível por falta de tempo, de dinheiro, de vontade ou de interesses coincidentes, sigo sozinha da mesma maneira.
Aprendi, com o tempo, a não desperdiçar aquilo que a vida oferece como possível naquele momento. Sendo assim, aproveitar a oportunidade é, talvez, uma resposta única para tantas e tantas perguntas. Sem nenhum mistério. Sem nenhum segredo.

(cascata congelada - Québec, Canadá - foto extraída de http://travellingboard.net/)

7 comentários:

  1. Muito legal seu blog Viviane. Amei sua transparência e objetividade ao falar sobre as motivações, os prazeres e os obstáculos externos e internos envolvidos no desafio de viajar solo. Um dia vou encará-lo! Parabéns.

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    1. Olá, Alice! Muito obrigada! Fico feliz que você tenha gostado do blog... Viajar é sempre maravilhoso e o objetivo do Mulheres Com Asas é incentivar as mulheres a não terem medo deste desafio! Sempre que puder, passe por aqui e compartilhe tb suas experiências! Um grande beijo e bons voos. Vivi :-))

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  2. O que você falou sobre sua primeira viagem sozinha muito me acalmou. Estarei viajando sozinha pela primeira vez na vida, para fora do país, em julho próximo. Ganhei a viagem de meu marido que não pode ou não quer ir, sinceramente não sei, então resolvi substituí-lo por parentes ou amigos. Inúmeras amigas minhas já foram contactadas e nenhuma delas está disponível pelos mais variados motivos, medo de avião, do desconhecido, do idioma,não dispõem de tempo, mas o mais presente é a falta de dinheiro. Quero me sentir assim, sem medo, sem vergonha, sem me sentir diminuída ou coisa parecida. Quero estar livre para poder aproveitar tudo o que puder. Meu destino será Roma, Berna, Paris e Madrid. Se você puder dar mais dicas sobre esses países eu agradeço. Um beijão! Ah, e adorei seu blog.Edna - emguedes@uol.com.br

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    1. Oi Edna! Parabéns por sua iniciativa!!!! Não são todas as mulheres que têm esta disposição para viajar!!!! Você escolheu muito bem suas cidades!!!! Se possível, pesquise tudo o que puder antes de ir: guias, revistas, blogs.... Isto te dará muito mais segurança!!!! Qualquer dúvida, fale comigo ok???? Beijos!!! :-))

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  3. Querida Vivi, você sabe que eu adoro viajar sozinha, dentro ou fora do Brasil. Aproveito todos os minutos, não deixo de fazer nada que turistas acompanhados fazem. Aproveito todos os momentos, sem constrangimentos. Mesmo quando estou num lugar onde tenho amigos, dou sempre minhas caminhadas sozinha. Museu, então,nem gosto de ir acompanhada.Ver um quadro de Monet pela primeira vez, por exemplo, requer uma concentração pessoal. Na sala onde estão os Van Gogh do Museu D´Orsay, em Paris, eu observo, sento e choro. E assim vou volando.. volando..... beijos

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    1. Para quem não a conhece, a Sheila é uma das mais dignas representantes da espécie "Mulheres Com Asas"... Um exemplo a ser seguido.... Sempre! Beijos no coração! :-))

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  4. Ana Beatriz Valente4 de maio de 2012 às 14:36

    Viviane, adorei o seu relato. Sempre viajei sozinha, pois meu ex-marido não gostava de viajar e e' a coisa que mais amo na vida! Conciliava as viagens a trabalho com as minhas ferias e sempre aproveitei muito. Assim conheci varios lugares. Hoje, separada ha 4 anos, viajo na companhia dos meus filhos (que tambem ja querem fazer viagens sozinhos) mas em breve voltarei as minhas viagens comigo mesma! E' uma delicia ter a liberdade de fazer o que quiser, quando quiser. Me tornarei seguidora do seu blog. Parabens!

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